quinta-feira, 23 de maio de 2013

quinta-feira, 2 de maio de 2013

A um ponto do infinito

Ela disse que as reticências são estabelecidas e acordadas com três pontos.
Como o homem acasalar com a mulher.
Pró-criação.
[mas ela nem gosta de homens para que é que me está a falar de reticências?!]
Tudo isto é muito esquisito.
Ela disse-me que a regra eram os três pontos e não a reticência [sim, no singular].
Então a regra é acasalar?
Vamos esquecer isto, estamos a perturbar o sistema.
O sistema?
Acho que te deves preocupar [mais] com o perturbar.
Não, isso é só uma deformação congénita.
Não sei o que é tal coisa.
O quê? O sistema?
Nem eu!
As ideias também são deformações congénitas.
Já te disse que não sei o que é isso!!!
Para o sistema.
Mas qual? Quem?
Não sei, muito bem.
Esta trapalhada parece-me familiar, estás sempre aí.
Não é isso, é por seres tu.
Estas perdições não me agradam. Não percebo porque é que tens de optar por esses caminhos.
Quais caminhos?
Estes.
Mas disseste esses.
Disse. Pareces-me sempre muito longíqua.
Acho que não é assim que se formula.
As palavras não têm fórmula.
Não tens necessariamente de retirar uma da outra.
Mas as palavras têm fórmula, sim. Tu é que és desordenada.
Encontro-as mais facilmente assim. Às vezes.
Isto não faz sentido.
Para que o queres tu? Guardava-lo no bolso e comia-lo aos bocadinhos para não morreres à fome ou à perdição de que falavas?
Eu não falei de perdições. Foste tu.
Não fui não.
Vamos cair no cepticismo se assim for.
Por não discernirmos qual de nós tu[eu]?
Não. Por nos fiarmos em não fazer sentido nestas coisas.
Mas não faz.
Mas que fastidiosa teimosia.
Eu até a acho engraçada.
Ao quê?
Não sei, do que falavas?
Mas que aborrecimento!
Posso fazer-te uma pergunta?
Diz.
Acaso não encontre vestígios de memória perderei o sentido àquilo que existiu e àquilo que aconteceu?
Mas que raios? Como é que podes ser tão esquizofrénica numa conversa?
É dislexia, não se trata de um caso de esquizofrenia!
Não sei.
Como não sabes?
Da forma que tu não sabes, não sabendo. E não te sei explicar como é que é não sabendo.
Então não sabes duplamente.
Ao quadrado, se quiseres.
Não gosto desse palavreado que usas. É tecnicista.
Como é que podes ser tão contraditória?
Achas que é a minha memória?
O quê?
Que me está a deixar nesta condição.
Eu acho que é esse teu perderes-te assim.
Como numa descaracterização?
Talvez.
Só tens incertezas!
Não resmungues, tu também.
Isso embala-me em nenhures. Ebriamente em nenhures.
O teu problema é saberes-te assim. Não o soubesses e estarias sem estares petrificada aí.
Se me esquecer, não estarei. Mas não sei se irei esquecer. Gostava de esquecer. Momentaneamente.
Todos nós. Momentaneamente. Antes que o infinito invada a hipótese da impossibilidade de si próprio e nos faça mais loucos que imortais.

[não compreendo porque é que a formalidade interrompe as reticências com três pontos, corta-lhe o prolongamento do suspense , acho que é uma tremenda injustiça à incerteza, devia poder espreguiçar-se, quatro pontos podiam ser quatro pontos, sem esoterismos acompanhantes.]



- Natureza (Des)Humana -

A Natureza-Humana pretende criticar e expurgar o título de que lhe é mesmo:
                      Na procura da sua origem-original, do seu primeiro princípio constitutivo, o homem acaba por enveredar por um dos dois caminhos:
                      #1 ou não consegue genuinamente desaprender aquilo que aprendeu, está preso na sua
                       própria evolução, enferrujando e impossibilitando qualquer regresso a preceito.
                      Ou #2 acaba preso.




 - Quando a ruindade nos assola e já não é nossa. -