sexta-feira, 7 de junho de 2013

Extrapolação

Deixei-a encaminhar-se para o abismo.
Incôngruo abismo a um respeitoso passo.
Esquivar-me-ei à tua penitência. Absurda.
Não era teu dever curvares-te perante a enaltecida determinação possessivo-corrosiva que te deu pernas para tas cortar.
Não era conveniência tua a conveniência deles. Deles maioritariamente a abstracção.
Puta é a sociedade que te pariu, por te parir dessa forma enformada.
Vais deambular nesse arrasto nocivo de te arrastares, por ser-de-bem-assim.
És sempre tão cliché que poderias ser cliché a não seres cliché.
Tu não és tu, és uma idealização.
E esse escárnio que te matou é tão néscio quanto tu. Talvez te possas perder na alienação, se a tiveres perdida em ti.
Mas terias de dizimar tudo aquilo que custosamente construíste ou tudo aquilo que te construíram. Em pré-formação.
Ou em proto-desígnio, se te servir o pleonasmo.
Estás dopada nessa dormência trémula do resíduo deambulante que tão pouco é teu quanto tu és de ti.
Mas deixei que te encaminhasses para o abismo.
Desse vício de seres conforme.

…E somente resquícios de pequenez…



- sinto-me muito revoltada com o Mundo, um dia adiro a qualquer moda-zinha e corto os pulsos só para não ter de os cortar outra vez. Elucidativas tentativas de suícidio [de escrita]. –