sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Ego

No mais sincero desabafo devia ter-te dito:
 Não morras, mãe, que eu não consigo aguentar isto sem ti. 

E era a mais nua das verdades. Mas não seria sobre ti.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

A tristeza é nostalgia de dizer adeus

Normalmente escrevo sobre amor quando estou bêbeda
Normalmente escrevo sobre dor quando qualquer tipo de estado, humanamente conseguível, é insuportável.
O amor é veres-me este esqueleto, trinca-espinhas, amarelamente insalubre, decrépito regurgitado e, ainda assim, verteres a dormência apaixonada de quem tem todas as horas cósmicas para perder e todo o mundo para vencer.
Dizer de plateia cheia: Amo-te.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Brisa

A inveja tremenda dos vivos está
                                               no segredo que possuem os mortos.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Centrifugação

Sinto-me 
               cada vez
                                 mais triste

quarta-feira, 20 de abril de 2016

sexta-feira, 15 de abril de 2016

"(Chapter on Indifference or something like that)"

E podia ficar-se só por aí...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A purga nunca é pouca....

Absorveste a minha dor
Respiraste-a
Consumiste-a
Para que eu não a sofresse mais
Como quem quer proteger
Engole um buraco negro e acaba por ser engolido
Foste tu assim
Quiseste proteger-me de tudo
E toda a dor
Fez ricochete
E a dor cravou-se-te no peito
E pôs-te a esqueceres-te de ti e de como tinhas chegado ali
Desculpa-me
Sugaste toda a ruindade
E a ruindade
Levou-te a ti


...a purga nunca é pouca quando te queres alhear da materialidade que te faz sofrer...

Meias-formas-de-estar

Mãe,
Mãe
Mããããããããããe
Mãããããããããããããe
Mãe
só me perco mais no escuro.
Explica-me.
Continuo sem perceber.
Como é que desapareceste?
Como é que, ainda ontem, disseste:
"Obrigada por teres vindo."
"Obrigada por teres insistido."
"Filha...obrigada."
Ontem?
Há quanto tempo foi ontem?
Quando é que o ar se tornou opaco aos poros?
Quando é que respirar gelou?
Quando e como é que dali para aqui?
Ilegítimo é este salto.
Do ser para o não ser.
Não se enganem os filósofos.
Não quero nada com o dever-ser.
Quero contigo, mãe.
Quero que possas estar aqui.
Não é que tenhas morrido.
É que tenhas sofrido.
Mãe.

Consigo sempre gritar-te mais na minha cabeça do que acho que consigo. Se quiseres que pare, tira-me desta irrealidade de não estares aqui. Deixa de não existires , nem que seja pelo amor de te desapossares a ti por mim. Vem.

A gravidade (não) é para tolos

Tive esta conversa comigo

Que lembrar-me do teu insalubre sorriso é doloroso
Que lembrar-me das tuas massacradas veias é desabar
Que a passagem dos dias é penosa
E que tudo é penoso, como pedras sísifas
Que a realidade já não é bem a realidade
E que já não há lucidez nos dias
Que já não há um frio mais frio
Porque só dor
Como é que o Mundo não parou?
Se paraste de existir?
Como é que não posso estar estanque no tempo
Fixa
Inerte
Se paraste de existir?
Como é que posso deixar de ter:
Comos?
Porquês?
Quandos?
Se tudo isto que te definhou é incompreensão
Se há quatro forças neste Universo ou Multiverso
é só dissimulação da ignorância
De se ser.