Hippie chique

 Gosto da lentidão do campo, lentifica-me a pressa da cidade.

Cansa-me a sujidade limpa embora me rejuvenesça a limpa sujidade.

Não há amor sem campo, não há amor sem descanso, não há amor sem avanço

E avanço é revolução, não tradição. 

Mimologia

Escrevi a ante durante após.
Consequentemente
Sou o antípoda de mim própria.
Estilhacei toda a minha consciência em brocados desa-possessivos. Teus.
Aberta a brecha de não ser. De não saber ser.
Tempos sem advérbios. Advérbios sem modos.
Houvesse forma de apropriadamente sentir este sentimento.
Que não é um sentimento.
Que é uma forma de estar.
Insalubre.
Como aquele pano enrodilhado no parapeito da janela do Soares
Que não é mesmo nada à alma.
Que é sem dentro.
E que sem dentro, nada é
De fora.

A fulgência determinada
Da tua indulgência pacata
Como todas
Umas mais que outras
A indolência
da tua com-passividade
Que escreves em cantos tortos
Em vez de caminhos destroços
De qualquer das formas,
É sempre enviesamento
É sempre informe
E é sempre matéria
Indizível
Trocas os tropos
Aos avessos do modo
Superlativo
Que não é um modo
Que também é uma forma de estar
Contigo
Hiperactividade
De uma hipérbole
Que não conseguiu
Respirar....

Fuma, mãe.

 Aceitar a tua morte foi a opção mais difícil que já fiz. A reconciliação com a tua decisão. Afinal, seria egoísmo meu desapossar-te do teu livre-arbítrio. Na verdade, a vontade própria é um sanatório. Ou um inferno. 

Divagar é a melhor forma de estar Livre

 És tão bonita que os meus oOlhos

têm de se esconder.

Fixam em ti

Inflamam

Não sou eu quando estou contigo. Mentiram-nos quando disseram que as almas gémeas são autenticidade e harmonia.

O amor - seja lá aquilo que for - não é condão de harmonização emocional. Amor não é retoque estético.

O amor é o inverso e o advertido

O amor é político

O amor é estatal

O amor é colorido

O amor é livre

O amor é poesia

             é dança

            é cultura(l)

O amor é associação, reunião, liberdade de expressão

O amor é feminismo

O amor é estrutural, é fundamental. E o amor é, sobretudo, desconstrução (social).

Feuerbach

O que é que vai restar do eu, quando o outro se desvaneceu?

Não sei se sou uma "menina de força"...

Ou de desagarrar

Afinal,
Sou uma menina da forca
Das forças.

[o Oolho da testa está vesgo e os outros só inviabilizam. Este corpo não é de exemplo. A dor também não.]