quarta-feira, 17 de abril de 2013

Casa

Encerrava-me em ti como num quarto escuro.
Luminoso.
Na minúcia da espera de te esperar.
Não estou bem aqui.
Sem ti.
Encerrar-me-ia.
Bastar-me-ia.
Em ti.
Acomodar-me-ia no teu incómodo desconforto.
Ninguém mais sabe(-ria).
Bastar-me-ia.
O que te vai na cabeça.
Tão escrupulosamente inacessível.
Ninguém saberia.
O que vai dentro de nós.
É nosso.
Às vezes, não sei o que te diga.
É nosso.
Concomitantemente, silêncio.
Nada mais do que.
Silêncio.
É este lugar que criámos.
Permaneço.
No singular plural.
Nós.
Há muita coisa que te diga.
E não sei.
Amo-te.
Lugar-tempo.
Vergonhosamente, apodreceria no verbo.
E no advérbio de modo.
Este tipo de dependência crava-nos no definhamento.
Perder-me-ia na casa.
Trancar-me-ia na casa.
"Esse mundo não é real."
O mundo dos adultos não me interessa.
Espero-te, em casa, na única ridícula existência que sei ser.
Espero-te em casa, meu amor.
Sobe esse estore, está escuro aqui!


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