terça-feira, 19 de março de 2013

Amo-te muito, Marta


 Vou enumerar-te: És delicada, és linda, és a melhor "ládosítio" no ballet, és inteligente, és minuciosa, és talvez um futura excelente fisioterapeuta, és corajosa, és lutadora, és-daquelas-que-se-chega-à-frente, és da moda, és da simpatia, és da amizade, és da inquebrável e boa amizade, és pequenina e jeitosinha, és um espírito grande, és o quase roçar da perfeição não fosse essa tua mania de quereres ser perfeita e não te consciencializares que não, não dá. A perfeição encerra a loja quando o candidato a proprietário é humano. Talvez se fosses uma flor...
  Se fosses uma flor serias um girassol porque és tão bonita no Verão com os decotes que te ficam tão bem e com os biquinis que viram os olhos a qualquer fufa de bom gosto. És tão bonita no Verão e gostas tanto dele...
Amo-te muito, Marta.
 E vejo-te a guardar todo esse sofrimento nos confins da cavidade que abriste para aconchegar as feridas abertas e abruptas que a vida fornece, assim, à desgarrada, como se fosse dona de ti.
     [A vida é dona de nós? Não creio, não. Se fosse, se por um segundo miserável ela fosse dona de ti, ter-se-ia arrependido de te causar as dores que te causou e causa - porque as feridas estarão sempre abertas -  e abriria a puta daqueles olhos e rogaria pragas a essa gentedemerda que para aí anda. Mas não. Ela é maioritariamente injusta. A vida não é dona de ti até se apoderar de ti, não voltes a deixar.]
E vejo-te a agarrares-me as mãos, isto já num plano do sentir, vertendo lágrimas mas sem largares esse sorriso:
                                              - Como estás, Inêsinha?
Amo-te tanto, Marta.
  Quando quiseres explodir, porque por este andar o dia-a-dia vai continuar uma merda...Diz qualquer coisa ou não digas. Apita só. Eu expludo contigo.
                                            Alguém que varra os restos.
                                            Bons restos, convinhamos.
                                            Dás qualidade à cena, Marta.
O que é a amizade senão uma deterioração conjunta?
O tempo também nada mais faz senão desgastar-nos.
                                             Então é isso.
É sermos restos conjuntamente. Mas restos de categoria porque o que desgasta também apura.
Váa, somos restos. Restos tipo exfoliantes de impurezas.
Ah!
Quero viver contigo para sempre, "bebecas".

[este tempo aconchega-nos, há-de fazer-se chuva ou...chover...que é praticamente a mesma coisa]

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